O ESPÍRITO DE ADOÇÃO E MINHA HISTÓRIA
Olá amigos,
Se você está gastando seu tempo para ler isto e oferecer palavras de encorajamento ou apoio, vou considerá-lo amigo e tratá-lo como tal. Se você gastar seu tempo para ler isto e oferecer palavras de desencorajamento ou crítica, quero te convidar a não fazer isso, pois não te darei atenção.
Deixe-me ser clara, eu escrevo porque sinto que minha história é para "um tempo como este". Com a recente decisão judicial sobre a legalização do aborto no Brasil, sinto o impulso do Senhor de compartilhar uma parte da minha história que não é de conhecimento comum para a maioria.
Eu não estou escrevendo para ouvir as opiniões das pessoas ou feedback sobre o que você sente que eu deveria ou não deveria ter feito ou o que alguém deve ou não deve fazer quando encontra-se em uma posição como a minha há 20 anos atrás. Novamente, a menos que você tenha algo de bom para dizer, não diga nada ... por favor.
Eu entendo que a situação de todos é diferente. Há muitas maneiras de abordar a discussão sobre gravidez indesejada. Eu não sou indiferente nem apática para com aquelas mulheres que se encontram grávidas e nunca pretenderam sejam elas adolescentes, solteiras, casadas, vítimas de estupro etc. Meu coração se compadece por você e eu oro por sabedoria do Alto enquanto você navegar num momento tão difícil de seu vida.
Eu sei que esta é uma maneira estranha de começar uma carta aberta. No entanto, sinto a necessidade de ser clara e traçar limites antes de compartilhar. Agradeço sua compreensão e compaixão. Deixe-me explicar, vou ser o mais breve possível.
Eu cresci em um lar cristão desde os 7 ou 8 anos de idade. Eu soube todas as respostas certas na escola dominical, não era encrenqueira e tirei boas notas na escola. Eu nunca fui a garota popular ... exatamente o oposto na verdade. Eu sofri "bully" por ser quieta, por ter dentes grandes entre outras coisas. As crianças podem ser cruéis. Mas, eu fiquei na minha e terminei a minha educação do ensino médio com boas notas com a intenção de ir para a faculdade… mas morria de medo. Eu odiava o aspecto social da escola. Entretanto, eu fiz vestibular para uma universidade e fui aceita.
Devido a dificuldades financeiras, bem como a minha própria insegurança sobre ir para a faculdade, eu decidi tirar um ano para trabalhar e para economizar dinheiro. Parecia uma boa troca, ganhar dinheiro para faculdade e evitar o medo de ir. Foi o que eu fiz. Eu trabalhei. Então, eu conheci alguém que me deu atenção que eu nunca tinha tido antes. Ele me pegou de surpresa e eu estava insegura de como lidar com este novo território e tomei algumas decisões muito ruins.
Crescendo em um lar cristão, eu sabia as respostas certas e erradas, mas, naquele momento eu não estava equipada para lidar com os sentimentos que vieram junto com alguém mostrando interesse em mim de uma forma que eu não estava acostumada ... encurtando a história, aos 19 anos eu engravidei.
Isso devastou um relacionamento já estressado com meus pais e magoou os meus irmãos. Isso decepcionou a minha pequena família da igreja. Feriu meus amigos mais próximos e feriu inúmeros outros que me tinham me visto até aquele ponto como, a "boa menina". Eu tinha caído do pedestal de “boa menina" e me encontrei em uma situação que eu nunca tinha pretendido e nem imaginado que poderia acontecer comigo.
Ao longo da minha gravidez, as pessoas tinham suas opiniões sobre o que eu deveria fazer e elas nunca foram tímidas para compartilhar. Eu educadamente ouvia as suas opiniões sobre, “ficar com o bebê" ou "você vai colocar para adoção?" Eu me sentia obrigada a escutar o "conselho" das pessoas, pois eu sentia que eu merecia qualquer comentário rude ou opinião grosseira - no final, fui eu que fiz a "confusão", certo?
Devo confessar, pensei sobre o aborto. Pensei nisso como uma fuga da minha situação. Eu pensei nisso como resposta de luta ou fuga. Pensei em querer sair de uma decisão que eu tinha feito e agora teria que enfrentar as consequências. Mas, nesses momentos, eu sempre soube que esta "saída" iria realmente acarretar conseqüências muito piores do que percorrer o curso, carregando este bebê para o qual Deus tinha planos e valorizar a vida dentro de mim. Foi o que eu fiz. Eu amava meu bebê e, embora ele não havia sido planejado a meus olhos, Ele estava nos planos de Deus e nove meses depois ele nasceu. Ele era bonito, saudável .... perfeito.
Durante a minha gravidez eu tinha planejado uma adoção privada. Eu tinha escolhido um casal que senti ser abençoado por Deus para ser os pais do meu bebê. Tudo estava pronto. No entanto, sob a superfície, eu estava em conflito. Senti-me impotente de escolher e senti como se eu estivesse seguindo o que todos os outros queriam que eu fizesse ... "isso vai consertar a situação", eu pensaria comigo mesmo. Não resolveu. Meu bebê nasceu e eu estava apaixonada.
Depois de muita consideração, oração e conversa, resolvi trazê-lo para casa. Foi um momento monumental. Ele era meu tudo. Eu tinha um bom plano para casar com o pai do meu bebê, construir uma casa e “consertar a situação". As coisas não foram como eu tinha planejado. Vou poupar-lhe os detalhes, mas meu plano para casar falhou, eu estava sem dinheiro e minhas economias para a faculdade quase esgotadas ... o que eu ia fazer?
Naquele momento, Deus começou a falar comigo claramente e bastante ousadamente. No início, eu pensava que era “coisa da minha cabeça", mas depois de um tempo eu tive que confessar que não poderia ser apenas coincidência.
Você já teve aqueles momentos na vida quando Deus está tentando desesperadamente chamar sua atenção e em todos os lugares que você olha, o que você lê, com quem você conversa, e o assunto é sempre a mesma coisa? Pois é… foi assim.
Ele estava falando comigo sobre adoção. Em meu coração eu sabia o que estava vindo, mas, eu não queria reconhecer. Eu tentei e tentei não ouvir e não ver, mas, quanto mais eu tentava, mais Deus pressionava. Adoção é a real razão de eu compartilhar isso com você, meu amigo.
Deus me falou sobre o verdadeiro espírito da adoção. Depois de não conseguir me esconder mais, eu perguntei a ele o que Ele queria que eu fizesse, mas com a ressalva de que Ele teria que explicar isso de uma forma que faria sentido para mim tanto logicamente quanto emocionalmente. Eu não colocaria meu bebê para a adoção de outra maneira. Foi mais ou menos assim a conversa:
Deus: Toda boa mãe quer o melhor para seu filho. Certo?
Eu: Sim, claro.
Deus: Você é uma boa mãe?
Eu: Eu quero ser. Sim. Como posso ser uma boa mãe?
Deus: Você tem o melhor para seu filho hoje?
Pausa longa ... coração dolorido ...
Eu: Não, eu não tenho.
Deus: Alguma outra pessoa tem o melhor para seu filho hoje?
Coração apertado…
Eu: Sim.
Deus: Você estaria disposta a dar ao seu filho o melhor mesmo que isso possa te custar terrivelmente? Você será uma boa mãe?
Eu: Sim.
Quando meu filho tinha 3 meses de idade, eu o coloquei para adoção com a mesma família que eu tinha escolhido quando ele ainda estava no útero. A diferença é que desta vez foi minha escolha por obediência ao nosso Pai Celestial (meu e do meu filho) e não porque eu senti o que era esperado de mim.
Foi a coisa mais difícil, mais angustiante que já experimentei até agora. Meu coração ainda dói ... até mesmo tantos anos depois ... mas colocar meu filho para adoção foi a coisa mais amorosa que eu poderia ter feito por ele naquele momento.
Eu sinto que a adoção é mal interpretada e mal compreendida na sociedade de hoje, especialmente no Brasil. Ao longo destes anos eu já ouvi todos o tipos de comentários ridículos de pessoas ignorantes que não têm idéia do que é colocar o seu filho nas mãos de outra pessoa e ir embora. Não porque você estava procurando uma saída, mas porque você estava tomando uma decisão de fazer o que era melhor para o seu filho.
O verdadeiro espírito de adoção não é se livrar de um problema ou encontrar uma saída ou querer alívio. Trata-se de amar a sua criança poupando nenhum custo para si mesmo.
Aqui está um exemplo bíblico do verdadeiro espírito de adoção: As duas mães que lutaram por uma criança diante do rei Salomão. 1 Reis 3: 16-28 fala da história das duas mães que reivindicaram que o filho vivo fosse delas e o rei Salomão ordenou que a criança fosse dividida em duas partes e dada uma parte a cada mãe. A mãe real, em seguida, agoniada pediu ao rei Salomão não matar a criança, mas dar a criança para a outra mãe, poupando a vida da criança. A falsa mãe disse para dividir a criança em uma atitude de "se eu não posso tê-la ... então ninguém vai".
O próprio Deus Pai modelou o verdadeiro espírito de adoção: Efésios 1: 5, "Ele nos predestinou para a adoção como filhos através de Jesus Cristo para si mesmo, de acordo com a bondosa intenção de Sua vontade." Ele deu Seu filho e também nos adotou como Sua família a Seu próprio custo!
O aborto é assassinato. O valor da vida é Deus que estabelece, Deus fazer nascer, Deus soprar e Deus manter. Não podemos apenas falar que não deve ter abortos ou a legalização do aborto e não oferecer outras soluções. Infelizmente, as crianças indesejadas continuarão a serem concebidas seja por negligência, abuso, violação ou ignorância de alguém. Precisamos de Seu coração para esses filhos indesejados, porque Deus os deseja e da mesma forma também os pais adotivos dados por Deus.
O tabu tem que ser quebrado quando se fala com os pais biológicos sobre quais são suas opções. Serviços e entidades devem ser fornecidos para ajudar a tomar a melhor decisão para o bebê e para os pais biológicos. Os sistemas devem se tornar mais eficientes para os pais adotivos que aguardam ansiosamente pela adoção. Deve haver mais conversa e compreensão sobre o verdadeiro espírito de adoção para que se torne uma opção viável para aqueles que precisam de assistência ... para as crianças.
Minha prerrogativa em compartilhar minha história é de alertar aquelas mulheres que se encontram em uma situação de uma gravidez indesejada. Existem opções saudáveis, que salvam vidas, para você e para seu bebê. É também para trazer consciência sobre o verdadeiro espírito de adoção e quão necessário é para nós sermos moldados pelo coração de Deus para que essas crianças não sejam colocadas em um sistema quebrado de orfanatos ou padrinhos, mas em lares de pais que as queiram desesperadamente, para amar e cuidar de crianças que podem ser chamadas de seus filhos.
Obrigado por ler meus amigos. Deus abençoe.